Nintendo Wii - Análise - Sonic Unleashed

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Verdade seja dita: muitos queriam que Sonic voltasse às origens para que um bom jogo do ouriço pudesse ser lançado. A SEGA ouviu as preces dos fãs, mas não voltou exatamente a estas origens com o novo jogo da série, Sonic Unleashed. Em um multiplataforma com uma jogabilidade diferente para a série, o jogo traz o melhor de Sonic na última década, mas, no Wii, acaba trazendo o pior, também.

Sonic agora está mais rápido, mais dinâmico e com poderes novos. Mas ele também está diferente, peludo, raivoso e dentuço. Logicamente, a descrição do primeiro é a que conhecemos muito bem, mas, em Unleashed, Dr. Eggman (ou Robotnik), ao dar início ao seu plano maléfico para conquistar o mundo, provoca um descontrole das Chaos Emeralds, que redirecionam sua energia negativa a Sonic the Hedgehog, transformando-o em Sonic the Werehog. Eggman usa o poder das esmeraldas para lançar um raio de energia sobre a Terra e a quebra em sete pedaços, liberando a entidade de seu interior, Dark Gaia. Com Sonic impedido de pará-lo, tudo parece começar bem para o vilão, que lança o ouriço de volta ao planeta, fragmentado, junto com as esmeraldas. Mas ele é determinado e, ao conhecer uma criatura misteriosa, Chip, decide recuperar seus poderes e lutar contra Eggman e Dark Gaia viajando pelo mundo e restaurando o planeta à sua forma original.

Com um prelúdio tão atrativo, Sonic Unleashed seria da atração de qualquer jogador, mas a divergência de opiniões impediu que isso ocorresse, também devido a outros fatores, que se agravaram no Wii. O problema que causou discussão foi justamente a opção da SEGA de não seguir exatamente a opinião dos fãs. O jogo contém sete fases (oito, na verdade) e estas são divididas entre dois tipos: diurna e noturna. Nas diurnas, o jogador corre com Sonic em alta velocidade, com o objetivo de chegar ao fim no menor tempo possível. Já de noite, o Werehog toma o lugar da velocidade, tornando-se mais lento, porém mais poderoso e forte. Unleashed poderia ser dividido em dois jogos: um de dia, outro de noite, pois o estilo de se jogar é completamente diferente nos dois.

Nas fases diurnas, a ação e velocidade são as características do Sonic que todos conhecem, correndo pelos quatro cantos do mundo, em fases desafiadoras, à procura dos Gaia Temples, necessários para restaurar o poder das Chaos Emeralds e trazer o planeta de volta ao normal. Com cada estágio com seu design diferente, a mistura com nostalgia deixa o jogo mais divertido: a mudança repentina entre 3D e "2,5D" traz inovação à série, mesmo não sendo uma atração propriamente nova. Mas não quer dizer que, com a nostalgia, as partes tridimensionais se tornam chatas. Muito pelo contrário: a ação frenética das fases de dia faz com que Sonic Unleashed se supere em relação aos jogos anteriores da série.

Porém, a grande sacada da versão de Wii foi justamente a escolha da Dimps, que também foi a responsável pelos jogos Sonic Rush e Sonic Rush Adventure, ambos para o Nintendo DS, para construir todo o gameplay diurno de Unleashed, ou seja, implementar os controles, desenhar as fases, posição de inimigos, pontos cruciais e outros. E é impossível não se satisfazer com o trabalho realizado pela empresa, que criou tais fases com duas grandes diferenças em relação às versões "Next-Gen": as fases são divididas em áreas, que se alternam entre 3D e o 2,5D em certos períodos de tempos (um ou dois minutos), diferentemente das outras versões (que alternam os dois estilos a cada 25 segundos, aproximadamente). Mas o grande ponto positivo da versão de Wii (e também como crédito para a Dimps) é o uso do Wii Remote. Apesar de usar majoritariamente os botões, a utilização do sensor de movimentos do controle dá toda a graça aos estágios diurnos: com uma chacoalhada, é possível fazer o famoso "Homing Attack" (aquele no qual Sonic pula e ataca inimigos seguidamente) e o "Sonic Boost", que lança o ouriço a uma velocidade acima de 400km/h no Wii, em especial. Por fim, uma outra qualidade das fases diurnas é o trabalho que a Dimps teve para colocar os gráficos do Wii em seu potencial máximo: aquele que olhar as duas versões (Xbox 360/PlayStation 3 e Wii) rapidamente, não conseguirá notar diferença. E o melhor: sem sombra de bolinha.

Mas o que marcou em "inovação" à série com Sonic Unleashed foram as fases noturnas, quando o Werehog é utilizado para a jogatina. Essas fases se diferenciam das diurnas por causa da "desaceleração" de Sonic: ao invés de correr, o ouriço usa seu tempo para bater, espancar e esmurrar os inimigos, seguidores de Dark Gaia. Porém, quem jogar nessas fases poderá falar, sem hesitação: "Ei, já vi esse filme antes..." E, de fato, já "vimos": as fases noturnas de Unleashed são uma cópia exata de God of War, um dos grandes sucessos do PlayStation 2. O estilo é o mesmo (esmurrar os inimigos sem dó e sem parar), a violência é a mesma (tirando os minotauros, deuses, sangue etc.) e até mesmo a barra de vida, alguns menus e os objetivos são os mesmos! Sonic, ao esmurrar seus inimigos, ganha órbitas vermelhas, que o conferem poderes novos ao fim da fase, exatamente do mesmo jeito que Kratos, protagonista de God of War, fica mais poderoso; Sonic, ao juntar órbitas azuis, pode usar um poder superior: o "Unleashed Mode", algo que Kratos tem em semelhança com o Werehog. Infelizmente, "inovação" não é a palavra correta para descrever o estilo das fases noturnas.

Contudo, elas não são ruins. Não chegam aos mindinhos dos pés de um The Legend of Zelda ou aos do próprio God of War, mas, para uma série que nunca se usou deste estilo, não ficou ruim. O que se torna uma qualidade nessas fases é, novamente, a jogabilidade com o Wii Remote. Alternando os movimentos com o controle e o Nunchuk, Sonic estraçalha seus oponentes, ao mesmo tempo que deve se segurar em postes para pular sobre abismos com chacoalhadas, escalar com movimentos precisos, e até mesmo girar para prosseguir. De fato, as fases noturnas não são ruins, para um jogo Sonic. Mas, ao avaliarmos em um contexto maior (os jogos de ação e aventura), elas não serviriam nem para um protótipo de jogo. Apesar de serem intuitivos, os controles são defasos e, muitas vezes, a falta de um "L-Target" acaba matando Sonic e despertando a raiva do jogador, que tem que encher novamente a barra Unleashed e matar todos os oponentes mais uma vez. Para piorar, não foi a Dimps que se encarregou destas fases, mas sim a SEGA, o que levou seu design a um nível de exploração restrito, e até mesmo a uma baixa qualidade do design do Werehog no Wii.

Após uma breve análise separada dos dois tipos de fase, chega a hora de compilar a impressão das duas para dar-se uma impressão geral, juntamente com a nota final. E é nesse ponto que Sonic Unleashed perde credibilidade. E muita. Primeiramente, o jogo é cheio de divergências: enquanto o design e a qualidade da imagem de uma parte é excelente, não outra são ruins; quando o jogador se surpreende com as fases diurnas, dando um 100 direto ao jogo, o mesmo se decepciona com a carência de idéias com as fases noturnas. A diferença entre a noite e o dia (que é, inclusive, o slogan do jogo) é grande e causa mais estragos do que devia. Infelizmente, mas não surpreendentemente, para jogo que deveria "resgatar a glória de Sonic", ou seja, a velocidade, Unleashed parece ser esquecer desse Sonic e dar mais atenção ao desengonçado Werehog: para cada fase diurna, há três noturnas, o que acaba irritando o jogador que aguardava por um jogo que teria, principalmente, fases de corrida e ação, ao invés de uma aventura lenta e defasa. Adicionalmente, a frustração com a exclusão de duas fases na versão de Wii faz com que alguns jogadores optem pelas outras versões, o que é curioso, pois é o console da Nintendo que abriga a maior parcela dos fãs de Sonic.

Apesar disso, a exclusão dessas duas fases (Empire City e Mazuri) não é o pior. Apesar de haver uma compensação com "extras" na versão de Wii, como artworks e a OST (que, aliás, está perfeita), eles não fazem jus à perda de duas das principais fases do jogo. Por fim, Sonic Unleashed deixa muito a desejar para um jogo que seria a "volta de Sonic à grande forma". Claro, mesmo com suas falhas, consegue ser agradável aos mais pacientes e aos que pouco se importam com o Werehog. Mas não há dúvidas que, se a SEGA e a Dimps se esforçassem para deixar o número de fases diurnas na mesma proporção que o número de fases noturnas, o jogo receberia nota máxima em qualquer lugar. Infelizmente, para os jogadores de Wii, isso não ocorreu. E é por esse motivo que deveriam ter mudado o nome do jogo antes de seu lançamento: de Sonic Unleashed para Sonic Unfinished.

Nota

70%


Análise escrita por: Manoel Pereira de Queiroz - Wii Brasil

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